sexta-feira, 10 de julho de 2009


AÇORES ÁREA DE TREINO DE CAÇAS?!

GOVERNO DEVE DEIXAR DECISÃO PARA PRÓXIMA LEGISLATURA

Em 5 de Dezembro de 2007, o Diário Insular publicava esta notícia:

O comandante da Força Aérea norte-americana na Europa entende que a Base das Lajes reúne excelentes condições para o treino dos novos F-35 "Lightning II". O general William Hobbins assumiu essa perspectiva num recente encontro com jornalistas.

O responsável militar adianta que o posicionamento da base no meio do Atlântico, estando rodeada por uma "vasta área de mar", é um argumento favorável a essa possibilidade.

"Eu falei sobre esta possibilidade ao chefe do Estado Maior da Força Aérea Portuguesa e ele demonstrou muito interesse em explorá-la", adiantou o general.

Contudo, Hobbins sublinha que a possibilidade é uma ideia, "que terá de seguir pelos canais adequados de aprovação entre Portugal e os Estados Unidos para que possa ser concretizada".

O general assume que a presença norte-americana nas Lajes, as óptimas condições da pista e o espaço sem restrições ao redor da ilha são bons indicadores para a concretização desta ideia.

William Hobbins alega ainda que a extensão do espaço de mar em torno do arquipélago permitirá explorar as capacidades dos F-35 - "e também dos F-22 "Raptor"" - em voos supersónicos, "sem as restrições das actuais áreas de treino" da Força Aérea norte-americana".

Além disso, o general que comanda a Força Aérea dos Estados Unidos localizada na Europa sublinha que o arquipélago açoriano se encontra a uma hora de voo da base de Langley, na Virginia (costa leste dos EUA), onde se situam a maior parte dos caças americanos.

William Hobbins explica que esse tempo de voo é menor do que o necessário para que os caças-bombardeiros americanos cheguem à base de Nellis, no Nevada, uma das principais áreas de treino actuais da Força Aérea norte-americana.

O posicionamento do arquipélago, segundo o general, permite ainda o treino conjunto destas aeronaves em operações anfíbias, terrestres, marítimas ou submarinas.

Segundo a mesma fonte, o general norte-americano admite ainda que a Base das Lajes reúne as condições para acomodar as facilidades necessárias ao teste de novos sistemas de armas, nomeadamente mísseis hipersónicos, armas de raios energéticos e novos tipos de plataformas aéreas.

No entanto, o responsável pelo Comando europeu assume que a base de Mikhail Kogalniceanu, na Roménia, reúne também boas condições para receber os treinos dos F-35 e dos F-22.

"Esta base é, sem dúvidas, um óptimo lugar para treinos", admite o general Hobbins.

Em 19 de Março de 2008, Severiano Teixeira desmente negociações na Base das Lajes.

É este o teor da notícia:

Nuno Severiano Teixeira, o ministro da Defesa, confirmou que os responsáveis das forças aéreas norte-americanas mostraram interesse em transformar a Base das Lajes num centro de treino para o sistema de armamento de mísseis hipersónicos, mas desmentiu estarem a decorrer negociações.

O tema tem-se mantido no plano técnico e, segundo um dos conselheiros da Embaixada dos EUA em Lisboa, Wesley Carrington, "tem havido conversações, não negociações".

Severiano Teixeira considera que a existirem negociações, estas "teriam de se ter não no plano técnico, mas no plano político. E, no plano político, eu perguntei ao meu colega dos Negócios Estrangeiros e aquilo que lhe posso dizer é que não decorre no quadro do Governo português nenhuma negociação", afirmou.


A 13 de Junho de 2009, o Público noticia que Portugal e Estados Unidos negoceiam utilização da base nos Açores:

Governo dá acordo de princípio a treino de F-22 dos EUA nas Lajes

É o primeiro passo para o acordo. O Governo comunicou ontem ao secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, a posição de princípio de Portugal favorável à utilização das Lajes, nos Açores, como base de treino dos F-22 e, no futuro, os F-35, disse ao PÚBLICO fonte governamental.

A base das Lajes, na ilha Terceira, Açores, é utilizada pelos Estados Unidos desde o final da II Guerra Mundial e conhecida, até entre os militares norte-americanos, como "porta-aviões" do Atlântico, e foi palco da famosa cimeira Bush-Aznar-Blair, em que Durão Barroso foi anfitrião, antes da guerra do Iraque, em 2003.

De acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO nas últimas semanas junto de fontes militares, um dos obstáculos a este entendimento seria se o treino de aviões militares de última geração não pudesse conviver pacificamente com o tráfego civil - intenso na área do Oceano Atlântico desejada pelos norte-americanos, a norte dos Açores.

A NAV (Navegação Aérea de Portugal) fez um estudo e concluiu serem compatíveis as duas actividades. Isso mesmo foi confirmado pelo ministro português da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, depois do encontro com Gates, em Bruxelas, à margem de uma reunião ministerial da NATO.

Para o "OK" definitivo faltam ainda outras avaliações, como custos económicos e o impacto ambiental, face à proximidade da ilha do Corvo da zona de treino, mas ontem o ministro antecipou que a resposta ao pedido da utilização das Lajes é, "em princípio, positiva".

Há ainda a questão das contrapartidas, que estará ainda em aberto. "Naturalmente que as contrapartidas terão de existir", afirmou Severiano Teixeira. Segue-se, agora, uma fase mais diplomática, dado que o acordo formal entre os dois países implicará o envolvimento do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Os "caças de quinta geração" como o F-22 atingem velocidades supersónicas e têm sistemas de armamento muito sofisticados, pelo que o treino exige espaços muito grandes e pouco habitados. É o caso da área "cobiçada" pela força aérea dos EUA no Atlântico, a norte dos Açores. No total, os norte-americanos querem uma área de mais de 274.300 quilómetros quadrados, a norte da ilha do Corvo, o equivalente a três vezes a área de Portugal continental.

Além da logística já existente nas Lajes que serve de base de apoio para o transporte de militares e meios para vários cenários de conflito (Iraque ou Afeganistão), os militares norte-americanos consideram uma vantagem o facto de os Açores ficarem a uma ou duas horas de voo dos EUA. Outra vantagem é que está a ser preparada com novos radares e equipamento rádio.

Há poucos dias, a 8 de Julho, à saída da audição da Comissão de Defesa da Assembleia da República, Severiano Teixeira informou que "está concluído" o processo de avaliação técnica sobre os requisitos militares e de compatibilidade com a aviação civil relativo à utilização da Base das Lajes para o treino de aviões militares norte-americanos, nomeadamente caças de última geração F-22 e F-35.

"Neste momento é necessário um processo de avaliação política que está a ser feito e que envolve o Ministério dos Negócios Estrangeiros com os Estados Unidos da América com a participação de outros parceiros, nomeadamente o Ministério da Defesa e o Governo Regional dos Açores, para que do ponto de vista do interesse nacional seja avaliado tudo aquilo que é importante", disse o ministro da Defesa, que falava à imprensa no final da reunião da comissão de Defesa da Assembleia da República.


Tendo em conta que o Governo Regional parece pouco saber, ou pouco querer revelar, tendo em conta que não houve um debate público acerca deste tema, tendo em conta que o assunto ainda não passou pela Assembleia da República, tendo em conta que a decisão política ainda não foi tomada, tendo em conta que não há nenhuma razão para decisões precipitadas de fim de legislatura, defendemos que - como prova de boa-fé e de boa vontade - o Governo Português se deve inibir de tomar qualquer decisão relativa a esta matéria, deixando-a para o Governo que venha a ser formado após as eleições de Setembro.

(Fonte da imagem: blogdoengenheiro.blogspot.com

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