"(...) Preocupada com as questões do espírito e antevendo a aproximação da sua derradeira paragem, Natália preparara-se, entretento, para a descida final. Num último desejo, chegou mesmo a expressar a vontade de regressar à sua Ilha ainda em vida, a um céu futuro que houve dantes, lugar do anjo da guarda.
Por diversas razões ou sem razão alguma, não foi atendido este seu último pedido. Um imperativo de Fátria vincula-nos hoje ao dever de dar cumprimento à sua última vontade, para que as suas cinzas, no âmbar da manhã, regressem ao lugar onde se recolhem os mistérios do espírito, a um pequeno jardim na sua Fajã, a uma ermida que lhe há-de ser dedicada, e por força chamar-se de Senhora da Rosa ou Senhora da Liberdade.
É que no coração dessa ermida, há muito que por ela espera um vaso cheio de pérolas que p'ra mim sonhaste, Ó mãe completa da manhã ao acaso. Nele a sacerdotisa do Espírito Santo repousará, finalmente, ave exausta, de asas feridas que ali se irão fechar. Esse vaso encerrará o pó de oiro e os segredos de uma longa e sofrida viagem. E, ao som da lira, nele terá lugar o 14.º mistério.
"Coroada de mirtos
Visto a túnica de linho branco
E aberta a porta, caminho para o lugar
Onde cai o véu do mistério final"