quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Teve a Sra.Dra. Maria Amélia Campos - autora da biografia de Natália Correia, "A Senhora da Rosa" - a amabilidade de me enviar este soneto de sua autoria, a propósito do desrespeito pela vontade de Natália Correia quando à deposição final das suas cinzas.

Eis o texto e o soneto da Dra. Maria Amélia Campos:

"Li o vosso artigo, intitulado "Fazer a Vontade a Natália", o qual denuncia uma traição feita à poetisa, manifestando o total desrespeito pela sua vontade expressa. Por isso vos remeto este meu soneto a Natália, intitulado "Voz Irada":

Junto as letras, apontando-as dedo a dedo,
P’ra dar voz a teus gestos libertários.
Do teu riso, só tu sabes o segredo
Que flameja em teus restos funerários.

Jaz em telas de adulados cambiantes,
O teu corpo em perpétua reclusão,
Possuído dos olhares que houve dantes,
De uma póstuma e inflamada ingratidão.

Novos donos impediram o teu arcano,
De quebrar do mistério o eterno engano,
E soltar tuas cinzas prisioneiras.

Chispa ainda uma fúria agrilhoada,
Que em teu vaso faz ouvir a voz irada,
De um vulcão soluçando nas caldeiras."

(Maria Amélia Campos
Dezembro de 2006)

Na imagem: Natália Correia vista por Natércia Rodrigues